Livro Marcos (William Barclay) 238 A Lei do divórcio judeu se remonta a Deuteronômio 24:1. Essa passagem constituía o fundamento e a medula de toda a questão. Diz assim: “Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa”. A princípio, a carta de divórcio era muito simples. Dizia o seguinte: "Seja esta minha carta de divórcio para ti, minha carta de demissão e minha ação de liberação para que possa te casar com o homem que queiras." Mais tarde, fez-se mais complexa: "'O dia..., da semana..., do mês..., ano.. do mundo, segundo o cálculo que se emprega na cidade de..., situada junto ao rio..., eu, A. B., filho do C. D., e qualquer que seja o nome que se me dê aqui, presente neste dia..., natural da cidade de..., atuando por minha própria vontade e sem nenhuma coerção, repudio, envio de volta e me separo de ti, E. F., filha do G. H., e qualquer que seja o nome que te dê aqui e que até este momento foi minha esposa. Eu te envio de volta agora, E. F., filha do G. H., de maneira que és livre e podes casar-te à vontade com quem quiseres e ninguém te impedirá isso. Esta é sua carta de divórcio, ata de repúdio, certificado de separação, segundo a lei de Moisés e de Israel." Na época do Novo Testamento, necessitava-se um rabino perito para elaborar este documento. Depois ficava provado por um jurado composto por três rabinos e se arquivava no Sinédrio. Não obstante, o trâmite do divórcio seguia sendo algo muito simples e sempre à inteira discrição do marido. Entretanto, a verdadeira medula da questão era a interpretação da Lei tal como aparece em Deuteronômio 24:1. Ali se estabelece que o homem pode divorciar-se de sua mulher se achar nela alguma coisa indecente. Como se devia interpretar essa frase? Havia duas escolas que sustentavam idéias diferentes sobre este problema. A escola do Shammai interpretava de maneira absolutamente estrita. Uma coisa indecente era o adultério e nada mais que o adultério. Embora a mulher fosse tão má como Jezabel, a esposa do Acabe, a menos que fosse culpada de adultério não podia haver divórcio. A outra escola era a de Hillel. Esta escola interpretava essa confiasse crucial do modo mais amplo possível. Para eles, podia significar que a mulher arruinasse um prato de comida, que tecesse na rua, que falasse com um estranho, que falasse sem respeito acerca da família de seu marido quando este a pudesse ouvir, que fosse uma mulher barulhenta o qual se definia como uma mulher cuja voz se escutava da casa vizinha. O rabino Akiba chegou a afirmar que podia significar que o homem encontrasse uma mulher que lhe parecesse mais bela que a sua. (Estudando a Biblia livro por livro que Deus abençoe a todos)
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