Livro Marcos (William Barclay) 243 Em primeiro lugar lhe disse: "Detenha-se e reflita! Está embargado e palpitante pela emoção. Não quero o que você se aproxime de mim em um arroubo apaixonado. Pense com calma o que faz." Jesus não o estava paralisando. Dizia-lhe, desde o começo, que calculasse o preço. Em segundo lugar, Jesus disse o seguinte: "Você não pode se converter em cristão por uma paixão sentimental por mim. Deve olhar para Deus." A pregação e o ensino sempre significam transmitir a verdade através da própria personalidade e ali estriba o maior perigo dos grandes mestres. O perigo consiste em que o aluno, o estudioso, o jovem, podem desenvolver um vínculo pessoal com o professor ou o pregador e acreditar que se trata de um vínculo com Deus. O professor e o pregador jamais devem ficar em primeiro plano. Sempre devem apontar para Deus. Em todo ensino verdadeiro há uma certa medida de auto anulação. É verdade que não podemos anular por completo a personalidade e a lealdade pessoal sincera e cálida e não o faríamos embora fosse possível. Mas isso não deve ser tudo. O professor e o pregador, em última instância, não são mais que marcos que conduzem a Deus. (2) Nenhum relato estabeleceu jamais de maneira tão clara a verdade essencial do cristianismo de que a vida respeitável não é suficiente. Jesus citou os mandamentos que eram a base de uma vida decente e respeitável. O homem afirmou sem titubear que os tinha guardado a todos. Agora, assinalemos uma coisa: Todos esses mandamentos, com uma só exceção, eram negativos. E a exceção regia só no círculo familiar. O que estava dizendo o homem, em realidade, era: "Nunca em minha vida fiz mal a ninguém." Isso era estritamente certo. Mas a verdadeira pergunta é: "Que bem tem feito?" E a pergunta no caso deste homem era ainda mais aguda: "Com todas suas posses, com suas riquezas, com tudo o que tivesse podido dar a outros, que bem positivo tem feito a seu próximo? Até que ponto você se esforçou para ajudar, consolar e fortalecer a outros na medida em que poderia tê-lo feito?" Em termos gerais, ser respeitável significa não fazer coisas. O cristianismo consiste em fazer coisas. Ali era justamente onde este homem, e muitos de nós, falhava. (3) De maneira que Jesus confrontou este homem com um desafio. Com efeito, disse-lhe: "Saia desta respeitabilidade moral. Pare de ver a bondade como algo que consiste em não fazer coisas. Tome a si mesmo, tome tudo o que tem e se entregue, você e suas posses, a outros. Então encontrará a verdadeira felicidade no tempo e na eternidade." E o homem não pôde fazê-lo. Tinha grandes posses e nunca tinha pensado em abandonar e quando lhe foi sugerido que o fizesse não pôde. É certo que jamais tinha roubado e nunca tinha defraudado a ninguém, mas tampouco tinha sido jamais, nem podia forçar-se em ser positiva e sacrificial mente generoso. Pode ser respeitável, não tirar nunca nada de ninguém. O cristão é dar tudo a alguém. Em realidade, Jesus confrontou este homem com uma pergunta básica e fundamental: "Até que ponto você deseja o verdadeiro cristianismo? Deseja-o até o ponto de abandonar suas posses?" E o homem teve que responder: "Desejo-o, mas não até esse ponto." (Estudando a Bíblia Livro por livro que Deus abençoe a todos)
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