Livro Marcos (William Barclay) 189 A CEGUEIRA QUE DESEJA UM SINAL Marcos 8:11-13 Toda a tendência da época em que Jesus viveu era buscar a Deus no anormal. Acreditava-se que quando viesse o Messias aconteceriam as coisas mais assombrosas e desconcertantes. Antes de chegar ao final do capítulo examinaremos mais de perto, e em detalhe, a classe de sinais que se esperavam. Agora podemos notar que quando surgia algum falso Messias, coisa que acontecia freqüentemente, atraía as pessoas com a promessa de sinais assombrosos. Prometiam, por exemplo, dividir as águas do Jordão em duas deixando o leito em seco, ou derrubar os muros da cidade com uma palavra. Um sinal desse tipo era o que pediam os fariseus. Queriam ver algum acontecimento deslumbrante refulgindo no horizonte, desafiando as leis naturais e assombrando aos homens. Agora, para o Jesus tal exigência não se devia ao desejo de ver a mão de Deus, e sim precisamente o fato de que não viam a mão de Deus. Para Ele todo a terra estava cheia de sinais de Deus. O trigo no campo, a levedura na massa, as vermelhas anêmonas nas ladeiras das montanhas, tudo lhe falava de Deus. Não pensava que Deus tivesse que irromper, em alguma forma surpreendente, de fora do mundo; sabia que Deus já estava no mundo para quem tivesse olhos para ver. O sinal do homem verdadeiramente religioso não é que ele vai à Igreja para encontrar a Deus, mas sim encontra a Deus em todas as partes, nem que constrói uma grande quantidade de lugares sagrados, mas sim santifica os lugares comuns. Para o que tem olhos para ver e coração para entender, o milagre cotidiano da noite e do dia, e o esplendor diário de todas as coisas comuns, é suficiente sinal de Deus. A EXPERIÊNCIA NÃO APROVEITADA Marcos 8:14-21 Esta passagem arroja uma luz vívida sobre as mentes dos discípulos. Estavam cruzando para o outro lado do Mar da Galiléia, e tinham esquecido levar pão consigo. Descobriremos melhor o significado desta passagem se a relacionarmos estreitamente com a que antecede. Jesus estava pensando na demanda de um sinal por parte dos fariseus, e também pensava na aterrorizada reação contrária de Herodes. "Guardem-se", disse-lhes, literalmente traduzido, "da levedura dos fariseus e da levedura de Herodes". Para os judeus a levedura era o símbolo do mal. Era um pedaço de massa que se guardava para que fermentasse, e essa massa fermentada era a levedura. A fermentação se identificava com a putrefação, e portanto a levedura representava o mal. Às vezes os judeus empregavam a palavra levedura em forma semelhante ao modo como nós falamos do pecado original, ou o mal inerente da natureza humana. O rabino Alexandre disse: "Está revelado diante de Ti que nossa vontade é fazer sua vontade. E o que o impede? A levedura que está na massa e a escravidão aos reinos do mundo. Que seja sua vontade nos liberar de sua mão". Era, por assim dizer, a mancha da natureza humana, o pecado original, a levedura corruptora o que impedia ao homem fazer a vontade de Deus. De modo que quando Jesus disse isto, estava dizendo: "Guardem-se da má influência dos fariseus e de Herodes. Não vão pelo mesmo caminho pelo qual já foram os fariseus e Herodes". (Estudando a Bibli livro por livro qu Deus abençoe a todos)