Livro Marcos (William Barclay) 261 (1) Há, em primeiro lugar, a insubornável persistência de Bartimeu. Nada nem ninguém pôde deter seu clamor, sua exigência de ser levado até Jesus. Estava determinado a dialogar com a única pessoa que podia escutá-lo. Na mente de Bartimeu não havia somente um desejo vago, geral, nebuloso e sentimental de ver a Jesus. Era uma vontade desesperada. Era e é esse desespero inamovível o que pode conseguir que certas coisas aconteçam. (2) Sua resposta ao chamado de Jesus foi imediata e determinada de modo que arrojou sua capa, que o impedia de mover-se com prontidão, quando escutou a voz de Jesus que o chamava para vir até ele. Há muitos que ouvem o chamado de Jesus mas dizem: "Espera até que termine o que estou fazendo", ou "Já vou, depois de fazer isto..." Mas Bartimeu veio como um tiro quando Jesus o chamou. Há oportunidades que se apresentam uma só vez na vida. Bartimeu o sabia, de maneira instintiva. Às vezes experimentamos um desejo vago de abandonar um mau hábito, de purificar nossas vidas de algo daninho, de nos entregar mais plenamente a Jesus. Muito frequentemente, também, não atuamos de maneira imediata para responder a este chamado, e a oportunidade se desvanece, possivelmente para não voltar a apresentar-se nunca mais. (3) Bartimeu sabia exatamente o que necessitava. Queria ver. Muitas vezes nossa admiração por Jesus é um sentimento generalizado, muito pouco específico. Quando vamos ao médico sabemos exatamente o que é que nos dói e o que queremos que ele nos cure. Quando vamos ao dentista não lhe pedimos que nos tire algum molar, e sim aquele molar que nos está fazendo sofrer. O mesmo deveria ser entre nós e Jesus. E isto implica algo que muito poucas pessoas estão dispostas a enfrentar: o auto-exame, a autocrítica. Se quando viermos à presença do Jesus sabemos com a mesma exatidão que Bartimeu o que queremos que ele faça conosco, sem dúvida obteremos o cumprimento de nosso desejo. (4) Bartimeu não sabia muito bem quem era Jesus. Chamava-o insistentemente Filho de Davi. Este era um título messiânico, mas seu significado evocava a idéia de um Messias conquistador, um Rei da linha de Davi, que levaria Israel à recuperação de sua grandeza como povo. Esta concepção do rol de Jesus era muito inadequada. Mas Bartimeu tinha fé e a fé que tinha cobriu qualquer engano teológico no que pôde ter incorrido. Não nos é exigido que entendamos à perfeição quem é Jesus. Em última análise, ninguém jamais pode obter tal coisa. O que nos pede é que tenhamos fé. Um escritor de imensa sabedoria há dito: "Devemos esperar que o povo pense, mas não querer que se façam teólogos antes de fazer-se cristãos". O cristianismo começa em nós quando reagimos diante da pessoa de Jesus, e quando esta nossa reação é de amor, um sentimento instintivo de que alguém é capaz de sair ao encontro de nossa necessidade. Até se nunca chegamos a ser capazes de elaborar teologicamente as coisas, essa resposta instintiva, esse grito que sai da alma, é mais que suficiente. (Estudando a Bíblia livro por livro que Deus abençoe a todos)
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