
Daniel (Comentário Bíblico Moody) 12 4. Jovens sem nenhum defeito. Esta é a
primeira de uma série de qualificações estipuladas para a seleção de homens a
serem treinados na corte da Babilônia. Jovens. No hebraico, yeladîm é uma
palavra de significado indefinido, dependendo da idade da pessoa que fala. Em
uma narrativa objetiva como esta, a estimativa comum de quatorze ou quinze anos
de idade é o que parece certo. Ausência de defeito não elimina a possibilidade
de sua castração. Ao serem selecionados, naturalmente não tinham essa
mutilação. De boa aparência. O rei devia olhar para pessoas e coisas perfeitas
e lindas. A mesma combinação de palavras se usou em relação à beleza de Raquel
(Gênesis. 24:16; 26:7), Bate-Seba (II Samuel. 11:3), da Rainha Vasti (Ester
1:11) e de Ester (Ester 2:2, 3,7). Instruídos em toda a sabedoria, doutos em
ciência, e versados no conhecimento. Essas três expressões cumulativas
enfatizam a capacidade natural e a instrução prévia. A redundância da expressão
hebraica é para dar ênfase e não para estabelecer distinções. Referia-se mais
ao que os jovens já eram e não ao que iriam se tornar. Geralmente, a capacidade
intelectual se revela em pessoas que não eram muito brilhantes na infância. Que
fossem competentes para assistirem no palácio do rei. Talentos naturais e
adquiridos que capacitassem esses homens a servirem um rei esplêndido em um
edifício magnífico é o que se quis dizer. Os rapazes deviam ser humildes mas
não tímidos, nem obtusos. E lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus. O
aprendizado (Heb. livro) dos conhecimentos dos caldeus refere-se à literatura
do povo da Mesopotâmia inferior. Desde que as descobertas arqueológicas do século
passado trouxeram à luz e forneceram a chave para a tradução desta literatura,
sabemos como era vasto o conhecimento dos caldeus. Recentes descobertas nas
regiões mais próximas do Egeu Oriental demonstraram que um grande acúmulo de
intercâmbio cultural aconteceu entre as duas áreas. E os vizinhos filisteus de
Israel eram, ao que parece, de origem grega. Com eles, prova o Livro de Juízes,
houve intercâmbio cultural. (Veja G. Bonfante, "Quem Eram os
Filisteus?" American Journal of Archaeology, 1, 2, abril/junho, 1946,
págs, 251.262.) A língua dos caldeus deve-se referir ao acadiano (babilônio,
assírio), a língua da época. Caldeus aqui foi aparentemente usado em um sentido
mais extenso, para designar os habitantes da região da Caldéia, que no seu
significado mais amplo incluía toda a Babilônia. As diversas línguas da região,
incluindo a muito antiga língua ritual, eram escritas sobre o barro com
caracteres cuneiformes. Era um sistema ideográfico e silábico, muito diferente
da escrita alfabética dos papiros feita com tinta e pena a que o povo da
Palestina e Síria estava acostumado. Os fundamentos da astronomia, a
matemática, as leis e uma dúzia de outras disciplinas eram registradas nessa
antiga escrita cuneiforme, ao lado de uma grande quantidade de falsidades
mágicas. Se tudo isso tinha de ser ensinado a esses jovens, então três anos
(com. v. 5) não era demais para a sua educação. ( Que a paz do Mestre Jesus
esteja sobre sua vida e família que Deus abençoe a todos)