Juízes: O Povo sem Rei
O livro de Juízes conta, resumidamente, a história do período entre a morte de Josué e o início da monarquia de Israel, um total de mais de três séculos. Deus já havia revelado sua Lei para governar o povo e usou este período para tentar educar os israelitas na importância da obediência, reforçando o ensinamento comunicado por meio de Moisés no deserto.
Alguns trechos de Juízes frisam suas mensagens principais. Deus enfatizou o fato que os problemas enfrentados pelo povo nas gerações depois de Josué não vieram por infidelidade divina, e sim por desobediência humana: “Subiu o Anjo do SENHOR de Gilgal a Boquim e disse: Do Egito vos fiz subir e vos trouxe à terra que, sob juramento, havia prometido a vossos pais. Eu disse: nunca invalidarei a minha aliança convosco. Vós, porém, não fareis aliança com os moradores desta terra; antes, derribareis os seus altares; contudo, não obedecestes à minha voz. Que é isso que fizestes? Pelo que também eu disse: não os expulsarei de diante de vós; antes, vos serão por adversários, e os seus deuses vos serão laços” (Juízes 2:1-3).
Ao longo do livro, geração após geração, Israel sofreu as consequências da sua própria incredulidade. Por não acreditarem na palavra de Deus sobre o perigo de se envolver com os povos idólatras que permaneciam na terra, criaram laços com esses povos e foram castigados, exatamente como o Senhor havia avisado.
A expressão que melhor representa o período dos juízes é repetida algumas vezes no livro e serve como conclusão no último versículo: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (Juízes 21:25; veja 17:6; 18:1; 19:1). Esta descrição da época não precisava ser negativa, pois o povo não ficou sem Deus nem sem lei. Se cada um tivesse achado reto fazer a vontade do Senhor, Israel teria evitado muito sofrimento. Mas quando acharam reto fazer o errado, trouxeram sobre si a ira de Deus.
Juízes apresenta um ciclo de cinco etapas repetido nas várias gerações. (1) O povo caía na idolatria, (2) Deus mandava um castigo de repreensão, geralmente opressão por um outro povo, (3) O povo clamava ao Senhor pedindo livramento deste sofrimento, (4) Deus enviava um libertador, chamado juiz, para livrar o povo do castigo, (5) O povo continuava fiel até a morte daquele juiz. Depois, caia novamente na idolatria e o ciclo se repetia.
Vamos agora considerar o conteúdo dos capítulos deste livro:
Capítulos 1 a 3 descrevem, em termos gerais, as condições em Israel após a morte de Josué.
Capítulos 3 a 16 contam as histórias dos juízes: Otniel (3:7-11); Eúde (3:12-30); Sangar (3:31); Débora (4:1 - 5:31); Gideão (6:1 - 8:35); a usurpação por Abimeleque (9:1-57); Tola (10:1-2); Jair (10:3-5); Jefté (10:6 - 12:7); Ibsã (12:8-10); Elom (12:11-12); Abdom (12:13-15). Sansão (13:1 - 16:31).
O resto do livro apresenta duas histórias de acontecimentos típicos da época, usadas para ilustrar a rebeldia e anarquia que dominavam:
Capítulos 17 e 18 falam da idolatria dos danitas no extremo norte do território de Israel.
Capítulos 19 a 21 relatam um dos fatos mais tristes de toda a história bíblica como o último exemplo da depravação dos israelitas da época. Um caso de estupro e homicídio provocou uma guerra em Israel. Como resultado, a tribo de Benjamim foi quase exterminada.
Juízes é um livro cheio de exemplos da destruição e sofrimento causados pelo pecado de pessoas que desrespeitam a vontade do seu Criador. O mesmo livro, porém, mostra a longanimidade e a misericórdia de Deus, que sempre procura o livramento do seu povo.
(–por Dennis Allan).Que Deus abençoe a todos pastor Antonio Marques