Livro Marcos (William Barclay) 26 Quarenta dias é uma frase
que não deve interpretar-se literalmente. É a expressão que os hebreus
utilizavam frequentemente quando queriam referir-se a um termo longo de tempo.
Assim se diz que Moisés esteve quarenta dias na montanha com Deus (Êxodo
24:18); Elas viveram durante quarenta dias sustentado pela comida que lhe deu
um anjo (1 Reis 19:8). Então, não se trata literalmente de quarenta dias, mas
sim de um lapso bastante longo. Foi Satanás quem tentou e provou a Jesus. O
desenvolvimento da concepção de Satanás é muito interessante. A palavra
Satanás, em hebraico, significa simplesmente "adversário" e no Antigo
Testamento é usada em repetidas oportunidades com respeito aos adversários
humanos comuns. O anjo do Senhor é o Satã que se interpõe no caminho do Balaão
(Números 22:22). Os filisteus temem que Davi demonstre ser seu satanás (1
Samuel 29:4); Davi considera que Abisai era seu satanás (2 Samuel 19:22);
Salomão proclama que Deus lhe deu tal paz e prosperidade que não fica satanás
algum que lhe oponha (1 Reis 5:4). O termo começou significando
"adversário" no sentido mais general desta palavra. Mas não demoraria
para descender um degrau em seu caminho para o abismo; isto acontece quando
passa a significar "que apresenta a acusação (o fiscal) em um processo
contra alguém". É neste sentido que aparece no primeiro capítulo do livro
de Jó. Note-se que neste capítulo o satanás é nada menos que um dos filhos de
Deus (Jó 1:6); mas a tarefa específica de Satanás era vigiar aos homens (Jó
1:7) e procurar do que acusá-los na presença de Deus. Satanás era o acusador
dos homens no tribunal divino. A palavra se usa com este sentido no Jó 2:2 e
Zacarias 3:2. A responsabilidade de Satanás era dizer tudo o que pudesse
dizer-se contra cada homem. O outro título de Satanás é "o Diabo". A
palavra "diabo" provém do grego diabolôs que significa caluniador. Há
um passo bem curto entre a ideia de alguém que se ocupa em espiar aos homens
para acusá-los ante Deus e a ideia daquele que com deliberação e malícia
calunia ao homem na presença de Deus. Mas no Antigo Testamento, Satanás ainda é
um emissário de Deus e não o perverso inimigo supremo da divindade. É o
adversário do homem. Mas agora, a palavra desce o último degrau em sua carreira
abismal. Em seu cativeiro, os judeus aprenderam algo do pensamento persa. A
filosofia persa se apoia na ideia de que no universo há dois poderes, um poder
da luz e um poder das trevas, Ormuz e Arimã, um poder do bem e um poder do mal.
O universo inteiro é o campo de batalha entre estes dois e o homem deve
escolher a quem, terá que servir nesse conflito cósmico. De fato, é assim coma
nos apresenta e sentimos a vida. Dizendo-o em poucas palavras, neste mundo
estão Deus e o adversário de mais. Era quase inevitável que Satanás chegasse a
ser considerado o Adversário por excelência. Isto é o que significa seu nome;
isto é o que sempre foi para o homem; Satanás se converte na essência de tudo o
que está contra Deus.(Estudando a Bíblia Livro por livro que Deus abençoe a
todos)
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