Livro Marcos (William Barclay) 149 (4) Havia também o tocado. Consistia este em
um gênero de algodão de cerca de um metro quadrado. Podia ser branco, azul ou
negro, e às vezes era feito de seda de cores. Era dobrado em diagonal e era
posto sobre a cabeça de modo que protegesse a nuca, as maçãs do rosto e os
olhos do calor e do resplendor do Sol. Era mantido em seu lugar com uma parte
de lã sem elástica, que se colocava ao redor da cabeça. (5) Os pés eram
calçados com sandálias. Estas eram simplesmente partes de couro, madeira ou
malha de ervas. Nos extremos da sola uma presilha permitia passar um cordão que
mantinha em seu lugar a sandália. O alforje pode ter sido uma de duas coisas.
(a) Pode tratar-se do alforje comum dos viajantes. Este era feito com um couro
de cabrito. Frequentemente o animal era despojado de toda sua pele de modo que
conservava a forma original do animal, com patas, cauda, cabeça e tudo! Tinha
uma correia de cada lado e rã suspensa do ombro. Nela o pastor, ou o peregrino
ou o viajante levava pão e passas de uva, azeitonas e queijo suficiente para um
ou dois dias. Mas há (b) uma sugestão muito interessante. A palavra grega é
pera; e pode significar uma bolsa para coletar. Muito frequentemente os
sacerdotes e devotos saíam com esse tipo de bolsas para coletar contribuições
para seu templo e seu deus. Foram já descritos como "ladrões piedosos cujo
despojo aumenta de aldeia em aldeia". Existe uma inscrição em que um homem
que se denomina a si mesmo como escravo da deusa síria diz que entregou em cada
viagem setenta bolsas cheias para sua senhora. Se se tomar o primeiro
significado, Jesus teria dito que seus discípulos não deviam levar provisões
para o caminho, mas deviam confiar em Deus para tudo. Se se adotar o segundo
significado, quereria dizer que não deviam ser como os sacerdotes vorazes.
Deviam ir dando e não recebendo. Há aqui outras duas coisas interessantes. (1)
Havia um regulamento rabínico segundo a qual quando um homem entrava nos pátios
do templo devia deixar de lado seu bordão, suas sandálias e seu cinto. Todas as
coisas comuns deviam ser postas de lado ao entrar no lugar sagrado. Talvez
Jesus estivesse pensando nisso, e queria que seus homens considerassem os
humildes lares em que fossem entrar como lugares tão sagrados como os pátios do
templo. (2) A hospitalidade era um dever sagrado no Oriente. Quando chegava um
estrangeiro a uma aldeia, não devia procurar hospitalidade: era dever dos
habitantes oferecê-la. Jesus disse a seus discípulos que se lhes negassem
hospitalidade, e se as portas e os ouvidos se fechavam, deviam sacudir o pó de
seus pés ao sair desse lugar. A Lei rabínica dizia que o pó de um país gentil e
pagão estava poluído, e quando as pessoas entravam na Palestina vindas de outro
país deviam sacudir-se cada partícula de poeira imunda. Era uma maneira formal
de ilustrar o fato de que um judeu não podia ter comunhão alguma nem sequer com
o pó de uma terra pagã. É como se Jesus houvesse dito: "Se se negarem a
nos ouvir, a única coisa que podem fazer é tratá-los como um judeu rígido
trataria a uma casa gentia. Não pode haver comunhão entre eles e vós."
Podemos ver, pois, que o sinal do discípulo cristão devia ser a absoluta
simplicidade, completa confiança, e a generosidade que sempre está pronta a dar
e nunca a pedir.(Estudando a Bíblia Livro por livro que Deus abençoe a todos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário