Livro Marcos (William Barclay) 41 Este é um tema sobre o qual
não se pode dogmatizar. Podemos assumir três posições diferentes. (1) Podemos
relegar o tema da posse demoníaca totalmente ao terreno do pensamento
primitivo. Podemos dizer que era uma maneira primitiva de explicar os fenômenos
naturais, antes que se soubesse tudo o que hoje se sabe sobre os corpos e a
mente dos homens. (2) Podemos aceitar como verdadeiro o fato da posse
demoníaca, tanto nos tempos neotestamentários como em nosso tempo. (3) Se
aceitarmos a primeira posição devemos explicar a atitude de Jesus e suas ações.
Pode ser, por um lado, que ele não soubesse mais que seus contemporâneos sobre
este tema, o que não é difícil porque Jesus não era um cientista e não veio
para ensinar ciência. Ou, por outro lado, sabia perfeitamente bem que não podia
curar a um homem doente a menos que aceitasse plenamente a realidade de sua
enfermidade. Era real para o doente e devia tratar-lhe como real se queria
obter uma cura. Chegamos à conclusão, pois, de que há algumas respostas que nós
não conhecemos. UM MILAGRE EM PARTICULAR Marcos 1:29-31 Na sinagoga, Jesus
tinha falado e agido da maneira mais extraordinária. O culto da sinagoga chegou
a seu fim, e Jesus foi com seus amigos à casa do Pedro. Segundo o costume
judaico a principal comida durante o shabbat era celebrada imediatamente depois
da reunião na sinagoga, à hora sexta, ou seja, às doze do dia. O dia, para os judeus,
começava às seis da manhã, e as horas se contavam a partir desta. É muito
possível que Jesus tenha reclamado seu direito a descansar depois da excitante
experiência da sinagoga, que deve tê-lo deixado exausto. Mas outra vez mais
exigiu-lhe que fizesse uso de seu poder, e outra vez mais o vemos dando de si
mesmo a seu próximo. Este milagre nos diz algo a respeito de três pessoas. (1)
Diz-nos algo a respeito de Jesus. Ele não necessitava público para fazer uso de
seu poder. Estava preparado para curar tanto no pequeno círculo de uma modesta
casa de pescadores como na sinagoga cheia de gente. Nunca estava muito cansado
para ajudar. A necessidade de outros era mais importante que seu próprio desejo
de descanso. Mas sobre tudo voltamos a ver aqui, como já tínhamos visto antes,
a particularidade dos métodos que usava Jesus para curar. Fala muitos curadores
na época de Jesus, mas estes trabalhavam valendo-se de complicados
encantamentos, fórmulas mágicas e outros recursos do mesmo tipo. Na sinagoga
Jesus tinha pronunciado com autoridade uma. só palavra e isso tinha bastado
para produzir uma total sanidade. Ele mesmo volta a ocorrer aqui. A sogra do
Pedro sofria do que o Talmud denomina "febre ardente". Um mal que
estava, e ainda está bastante generalizado naquela parte da Palestina. O Talmud
chega até estabelecer qual era o método para seu tratamento. (Estudando a Bíblia
livro por livro que Deus abençoe a todos)
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