Livro Marcos (William Barclay) 107 Se tivesse sido um homem prudente e cauteloso
nem sequer teria escrito essas teses. Se sua mente estivesse posta em sua
segurança não as teria fixado na porta da igreja. E, de havê-lo feito, não
teria escolhido o Dia de Todos os Santos para fazer sua declaração, se tivesse
pensado em sua segurança pessoal. Mas Lutero sentia que tinha descoberto a
verdade e a única ideia que ocupava sua mente era tirar à luz essa verdade e
dedicar sua vida a ela. Em todos os níveis da vida chegam momentos quando
sabemos muito bem quais são as exigências da verdade, o que é o que devemos
fazer, qual é a obrigação do cristão. Em todos os níveis da vida há momentos em
que não fazemos o que devemos fazer porque isso nos conduziria à impopularidade
ou coisas piores. Devemos ter presente que o abajur da verdade é algo que
devemos manter em alto e que não devemos ocultá-la para conservar uma covarde
segurança. (2) O propósito do cristianismo é que seja visto. Na Igreja
primitiva às vezes o fato de mostrar que alguém era cristão implicava a morte.
O Império romano se estendia por todo mundo. A fim de obter algum tipo de
unidade em tão vasto império, iniciou-se o culto ao imperador. O imperador era
a encarnação e personificação do Estado e era adorado como um deus. Exigia-se a
todos os habitantes do império que em certos dias estabelecidos chegassem para
sacrificar diante da divindade do imperador. Em realidade, tratava-se de uma
prova de lealdade política. Após completar o requisito, recebia um certificado,
e de posse deste certificado, podia-se ir adorar a qualquer outro deus. Ainda
se conservam muitos destes certificados. Dizem o seguinte: A quem tem a seu
cargo o sacrifício do Inareo Aqueo da aldeia de Theoxenis, junto com seus
filhos Aías e Hera, que habitam na aldeia da Theadelfia. Sacrificamos
regularmente aos deuses e agora, em sua presença, como as normas exigem,
sacrificamos derramamos nossa libação e provamos as ofertas. Pedimos que nos deem
o certificado correspondente. Que a sorte lhes acompanhe. Logo segue o
testemunho: Nós, Serenas e Hermas, testemunhamos seu sacrifício. Tudo o que o
cristão devia fazer era passar por esse ato formal, receber o certificado e
ficar tranquilo, sem correr nenhum perigo. E a história prova que milhares de
cristãos preferiram a morte em vez de fazer isso. Com a maior facilidade podiam
ter oculto o fato de que eram cristãos. Poderiam ter continuado sendo cristãos
em particular, sem o menor problema. Mas para eles, seu cristianismo era algo
do qual era preciso dar testemunho perante todos os homens. Sentiam-se
orgulhosos de que todos soubessem qual era sua posição. A esses homens devemos
a fé cristã que temos hoje. O costume, o mais fácil é silenciar o fato de que
pertencemos a Cristo e a sua Igreja; mas nosso cristianismo deve ser como o
abajur que todos os homens podem ver. (Estudando a Bíblia livro por livro que
Deus abençoe a todos)
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