Livro Marcos (William Barclay) 122 Mas esta passagem também nos ensina como deve
ser o discípulo sábio. Pinta-nos o quadro de um círculo íntimo de seguidores a
quem Jesus podia explicar os significados mais profundos de seus ensinos. (a) O
discípulo sábio não esquece as coisas que aprendeu. depois de ter recebido um
ensino, segue pensando nela, reflete. Deve mastigar e mastigar até ter digerido
do todo a nova verdade. Epicteto, o grande professor dos estóicos, na Grécia,
causar pena ser muito pelas dificuldades que tinham alguns de seus discípulos
para seguir a doutrina que lhes ensinava. Dizia que os homens deveriam ser
capazes de usar a filosofia que aprenderam não para falar dela e sim para
vivê-la. Em uma metáfora algo grosseira, dizia que nenhuma ovelha vomita o
pasto que engoliu para mostrar ao pastor quanto comeu, mas sim o digere e o usa
para produzir leite. O discípulo sábio se afasta de seu professor, mas não
esquece o que aprendeu, mas sim o segue dando voltas em sua cabeça, até
descobrir o que significa para sua vida, e o põe em prática. (b), mas, acima de
todas as coisas, o aluno sábio procura a companhia de seu professor. Depois que
Jesus terminou de falar, as multidões se dispersaram; mas um grupo pequeno
ficou com ele, porque não queriam separar-se do Professor. A estes Jesus
revelou o significado profundo de tudo o que havia dito. Em uma última análise,
se alguém for verdadeiramente um grande professor, não são seus ensinos o que
mais nos interessará, e sim ele próprio, sua pessoa. O ensino principal não
será tanto o que o professor diz e sim o que ele é. Quem queira aprender de Cristo
deve manter-se perto de Cristo. Se o faz obterá não somente conhecimentos, mas
sim conquistará a vida. A PAZ DE SUA PRESENÇA Marcos 4:35-41 O lago da Galileia
era famoso por suas tempestades. Eram tempestades que apareciam literalmente do
nada, com força e ímpeto catastróficos. Um autor as descreve da seguinte
maneira: "Não é pouco comum ver repentinas tempestades de neve que se
convertem, mesmo com o céu perfeitamente claro, em terríveis tempestades,
rompendo a superfície das águas que em geral é um espelho de paz. As numerosas
quebradas que jogam suas águas no lago, especialmente sobre a costa Norte,
atuam como perigosos desfiladeiros por onde também se precipitam sobre o lago
os ventos das alturas de Hauran, a meseta do Traconites e a cúpula do monte
Hermom. Apanhadas e comprimidas desse modo as correntes de ar adquirem uma
força que, ao livrar-se repentinamente sobre as águas do lago de Genesaré
alcançam proporções terríficas." Aquele que navega sobre as águas deste
lago pode tropeçar em qualquer momento com uma dessas tormentas. Jesus viajava
no barco na posição que ocupavam, em geral, os passageiros distinguidos.
Foi-nos dito que "naqueles barcos... o lugar que corresponde aos estranhos
de distinção é um pequeno banco que há na popa, onde se leva sempre um tapete e
um almofadão. O capitão do barco se localizava perto da popa, um pouco mais
adiante, a fim de poder ter uma visão privilegiada do mar mais à frente."
É interessante destacar que as palavras com que Jesus se dirige ao vento e às
ondas são as mesmas que usa para expulsar os demônios do possesso que o
enfrenta em Marcos 1:15. Assim como os demônios podiam possuir a um ser humano,
o poder destrutivo de uma tormenta era, para os homens daqueles dias, a atuação
do poder maligno dos demônios na natureza. (Estudando a Bíblia Livro por livro
que Deus abençoe a todos)
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