Livro Marcos (William Barclay) 192 UM CEGO APRENDE A VER Marcos 8:22-26 A cegueira era, e é ainda, uma das grandes maldições do Oriente. Era causada em parte por oftalmias e em parte pelo causticante resplendor do Sol. E era grandemente agravada pela falta geral de conhecimentos de higiene e limpeza. Era comum ver uma pessoa com crostas de matéria nos olhos, sobre os quais persistentemente se detinham as moscas. Muito naturalmente isto difundia a infecção, e a cegueira era um açoite da Palestina. Somente Marcos relata esta história, mas tem algumas coisas extremamente interessantes. (1) Aqui voltamos a encontrar a grande consideração de Jesus. Levou o cego à parte, fora da multidão e da aldeia, para poder estar a sós com ele. Por que? Vejamos. Ao que parece, este homem era cego de nascimento. Se tivesse recuperado a vista repentinamente em meio de uma multidão, seus olhos recém abertos tivessem sido afligido pela visão de centenas de pessoas e coisas e cores brilhantes, de modo que tivesse ficado completamente aturdido. Jesus sabia que seria muito melhor levá lo a um lugar onde a emoção de poder ver se apoderasse dele menos subitamente. Todo grande médico e todo grande professor tem uma característica e capacidade destacadas. O grande médico é capaz de entrar na mente e no coração de seu paciente; entende seus temores e suas esperanças; literalmente simpatiza – sofre – com ele. O grande professor entra na mente de seu aluno. Vê seus problemas, suas dificuldades, seus tropeços. Por isso Jesus era superlativamente grande. Porque podia entrar na mentes e no coração das pessoas Ele buscava ajudá-las. Tinha o dom da consideração, porque podia pensar e sentir os pensamentos e sentimentos deles. Deus nos conceda este dom. (2) Jesus empregava métodos que o homem podia entender. O mundo antigo tinha uma curiosa crença no poder curativo da saliva. Crença que não é tão estranha, depois de tudo, quando recordamos como instintivamente levamos à boca um dedo machucado ou queimado, para aliviar a dor. Certamente o cego sabia disso, e Jesus usou para curá-lo um método que ele podia entender. Jesus era sábio. Não começava com palavras e métodos que estivessem acima da mente das pessoas simples. Falava-lhes e atuava sobre eles em uma forma que a mente simples podia captar. (3) Este milagre tem algo único – é o único milagre que se pode dizer que se produziu gradualmente. Geralmente os milagres de Jesus se produziam súbita e completamente. Neste milagre o cego recuperou a vista por etapas. Aqui há uma verdade simbólica. Ninguém vê toda a verdade de Deus de forma imediata. Um dos perigos de certo tipo de evangelização é que estimula a idéia de que uma vez que alguém se decidiu por Cristo, já é um cristão cabal. Um dos perigos de ser membro da Igreja é que pode apresentar de tal maneira que implique que quando alguém se torna membro da Igreja já chegou ao fim do caminho. Longe disso, a decisão e a promessa de ser membros da Igreja é o começo de um longo caminho. As riquezas de Cristo são inesgotáveis, e se a gente vivesse cem, ou mil, ou um milhão de anos, ainda teria que seguir crescendo na graça e aprendendo mais e mais sobre o poder infinito e a beleza de Jesus Cristo. É uma gloriosa verdade que a conversão repentina é possível, mas é igualmente certo que alguém deve tornar a converter-se cada dia. Com toda a graça e a glória de Deus diante de nós, podemos continuar aprendendo a vida inteira, e precisaremos ainda a eternidade para conhecê-lo como realmente deve ser conhecido.(Estudando a Biblia livro por livro que Deus abençoe a todos)
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