Marcos (William Barclay) 195 Se tinha vivido e andado e ensinado entre os homens, sem que ninguém percebesse nele a Deus, então toda sua obra teria sido em vão. Havia uma só maneira de que pudesse deixar uma mensagem aos homens, e era escrevê-lo no coração de algum homem. Assim, pois, este é o momento em que Jesus põe tudo à prova. Perguntou a seus discípulos o que diziam dele as pessoas, e eles lhe informaram acerca dos rumores e os dizeres que corriam. Então, depois de um silêncio de suspense, formulou a pergunta que tanto significava: "E vós, quem dizem que sou?" E repentinamente, Pedro compreendeu o que tinha sabido sempre no íntimo de seu coração. Este era o Messias, o Cristo, o Ungido, o Filho de Deus. E essa resposta deu a Jesus a certeza de não ter fracassado. Mas agora chegamos a uma pergunta que já foi exposta e respondida pela metade mais de uma vez, mas que agora tem que ser respondida em detalhe ou não se poderia entender cabalmente a história do evangelho. Logo que Pedro fez esta declaração, Jesus lhe disse que nessa etapa não devia falar com ninguém disso. Por que? Porque, primeiro e acima de tudo, Jesus tinha que ensinar a Pedro e aos outros o que realmente significava ser o Messias. Agora, para entender a tarefa que Jesus tinha nas mãos e entender o verdadeiro significado dessa necessidade, temos que inteirar-nos de quais eram as idéias messiânicas dos dias de Jesus. IDÉIAS JUDAICAS SOBRE O MESSIAS Ao longo de toda sua existência, os judeus nunca esqueceram que eles eram, em um sentido muito especial, o povo escolhido de Deus. Devido a isso, aspiravam muito naturalmente a um lugar especial no mundo. Nos primeiros tempos aspiravam alcançar essa posição pelo que poderíamos chamar meios naturais. Sempre consideraram como a época maior em sua história a de Davi, e sonhavam com um dia em que se levantaria outro rei da estirpe de Davi, um rei que os faria grandes em justiça e em poder (Isaías 9:7; 11:1; Jeremias 22:4; 23:5; 30:9). Mas à medida que passava o tempo se fazia infelizmente evidente que essa sonhada grandeza nunca se obteria por meios naturais. As dez tribos foram levadas a Assíria e se perderam para sempre. Os babilônios conquistaram e arrasaram a Jerusalém e levaram cativos os judeus. Logo vieram a ser seus amos os persas; depois os gregos e finalmente os romanos. Longe de alcançar domínio algum, durante séculos os judeus não souberam o que era ser completamente livres e independentes. De modo que surgiu outra linha de pensamento. É verdade que nunca se desvaneceu completamente a idéia de um grande rei da estirpe de Davi, que esteve sempre entrelaçada de algum modo com seus pensamentos; mas começaram a sonhar mais e mais com um dia em que Deus interviria na história e obteria por meios sobrenaturais o que nunca poderia obter-se por meios naturais. O poder divino faria o que o poder humano era impotente para fazer. (Estudando a Biblia livro por livro que Deus abençoe a todos)
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