Livro Marcos (William
Barclay) 35 Quando os judeus se reuniam
para o serviço na sinagoga, o Presidente da Sinagoga podia convidar a qualquer
dos presentes, que em seu critério fora competente para tal tarefa, para que
fora e explicasse as Escrituras. Não existia um ministério profissional da
palavra. É por isso que Jesus pôde iniciar sua campanha nas sinagogas. A oposição
ainda não se converteu em hostilidade aberta. Todos sabiam que era um homem que
tinha uma mensagem; e por essa razão, precisamente, as sinagogas das
comunidades judias lhe proporcionavam um púlpito do qual instruir e exortar aos
homens. Mas quando Jesus ensinava na sinagoga, todo o método e a atmosfera de
seu ensino eram como uma nova revelação. Não ensinava como os escribas, que
eram os expertos na Lei. Quais eram estes escribas? Para os judeus o mais
sagrado no mundo era a Torá, a Lei. Os núcleos da Lei eram os Dez Mandamentos,
mas o termo "a Lei" significava, na prática, os cinco primeiros
livros da Bíblia, ou o Pentateuco, como se costumou chamá-lo. Para os judeus a
Lei era completamente divina. Cria-se que tinha sido entregue diretamente por
Deus a Moisés. Era absolutamente santa e obrigatória. Diziam: "Quem opina
que a Torá não provém de Deus, não terá parte no mundo vindouro."
"Quem diz que Moisés escreveu sequer uma só das palavras da Torá por seu
próprio conhecimento ou sabedoria é um blasfemo que nega a palavra de
Deus." Agora, se a Torá for até que ponto divina, seguem-se duas consequências
necessárias. Em primeiro lugar, deve fazer lhe objeto do estudo mais cuidadoso
e meticuloso possível. Em segundo lugar, a Torá se expressa, em princípios
gerais, em termos muito amplos; mas se sua instrução tem que ver com a
totalidade da vida, deve fazer-se explícito o que nela está contido de maneira
implícita. As grandes leis devem traduzir-se em regras e normas concretas.
Assim arguiam. A fim de encarregar-se deste estudo e de efetuar este
desenvolvimento surgiu entre os judeus um grupo de estudiosos. Estes estudiosos
eram os escribas, os peritos na Lei. Os mais importantes entre os escribas
recebiam o título de Rabino. Os escribas deviam cumprir com três deveres. (1)
Dos grandes princípios morais da Torá deviam extrair um sistema de normas e
regulamentações que cobrissem todas as situações que pudessem apresentar-se na
vida. Reduziam os princípios a regras e regulamentos. Evidentemente esta tarefa
era literalmente interminável. A religião judaica começou com os grandes
princípios morais da Lei e acabou em uma infinidade de regras, normas e
preceitos. Começou como religião, terminou como legalismo:(Estudando a Bíblia
livro por livro que Deus abençoe a todos)