Livro Marcos (William Barclay) 98 (4) Isto nos traz para um
elemento que sempre devemos recordar ao tratar de interpretar as parábolas. A
intenção das mesmas não era em primeiro lugar que fossem lidas, e sim fossem
ouvidas. Isso quer dizer que, em um primeiro momento, ninguém podia sentar para
investigá-las e estudá-las frase por frase. Não as pronunciava para que alguém
as estudasse em profundidade e com tempo, e sim para produzir uma impressão e
uma reação imediatas. Isso quer dizer que nunca se deve ver as parábolas como
alegorias. Numa alegoria, cada parte, cada ação e cada detalhe da história têm
um significado e um sentido profundo. O Peregrino do Bunyan, é uma alegoria.
Cada um dos acontecimentos, personagens e detalhes têm um sentido simbólico. Se
for assim, resulta evidente que a alegoria deve ser estudada, analisada e
investigada. A parábola, por outro lado, era algo que se ouvia uma só vez.
Portanto, o que devemos procurar nela não é uma situação na qual cada detalhe
represente outra coisa; devemos procurar uma situação na qual sai à luz uma
grande ideia e brilha como um relâmpago. É sempre errado buscar dar um
significado a cada detalhe de uma parábola. O correto quer dizer sempre:
"Que ideia terá penetrado na mente de quem ouviu esta história pela
primeira vez?". O MISTÉRIO DO REINO Marcos 4:10-12 Esta passagem sempre
foi uma das mais difíceis de entender de todos os Evangelhos. Em grego, o
mistério do Reino de Deus tem um sentido técnico: não significa um algo
complicado e misterioso como acontece em nosso idioma. Refere-se a algo
totalmente ininteligível para aqueles que não foram iniciados em seu
significado, mas muito claro e simples para quem foi iniciado. Na época do Novo
Testamento, uma das características mais importantes da religião popular do
mundo pagão eram as Religiões de mistérios. Estas religiões prometiam a
comunhão, a união, e até a identidade com algum deus, mediante o qual
desapareceriam todos os temores e terrores da vida e da morte. Quase todas
estas religiões de mistérios se apoiavam na história de algum deus que tinha
sofrido, morto e ressuscitado. Quase todas pertenciam à linha de dramas de
paixão. Uma das mais famosas era o Mistério de Isis. Osíris era um rei sábio e
bom. Seth, seu irmão malvado, odiava-o. Junto com setenta e dois conspiradores
convenceu-o a assistir a um banquete. Uma vez ali, persuadiu-o de que entrasse
em um ataúde feito com muita astúcia, no qual se localizava com perfeição.
Quando se achou dentro dele, fecharam a tampa e arrojaram o ataúde ao Nilo.
Isis, sua fiel esposa, depois de uma busca longa e fatigante achou o ataúde e o
levou à sua casa para fazer luto. Estando ela ausente, o cruel Seth voltou,
roubou o corpo, o cortou em quatorze partes e as esparramou por todo o Egito.
Uma vez mais saiu Isis em seu triste e fatigável busca. Por último, encontrou
todas as partes e, graças a seus poderes mágicos, reuniu-as e restituiu a vida
de Osíris. A partir desse momento se converteu no rei imortal dos vivos e dos
mortos.(Estudando a Bíblia livro por livro que Deus abençoe a todos)
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