Livro Marcos (William Barclay) 75 Quando Pompeu, o general
romano, estava sitiando Jerusalém, os defensores judeus se refugiaram dentro
dos limites do templo. Pompeu procedeu a construir um montículo, do qual,
ganhando em altura, pudesse bombardeá-los. Conhecendo os costumes religiosos
dos judeus, Pompeu fez a construção num dia de sábado, sem que os judeus
movessem um dedo para impedi-lo, mesmo sabendo perfeitamente que por causa de
sua passividade estavam virtualmente assinando sua sentença de morte. Os
romanos, que tinham serviço militar obrigatório, no fim tiveram que excetuar os
judeus de toda obrigação militar porque nenhum judeu estrito estava disposto a
lutar no dia de sábado. A atitude dos judeus com respeito ao sábado era
totalmente rígida e inflexível. Jesus sabia tudo disso. A vida do homem da mão
paralítica não corria perigo algum. Fisicamente não teria piorado se se adisse
a cura por mais um dia. Para Jesus, entretanto o caso era um desafio, e o
enfrentou com decisão. Pediu ao homem que ficasse de pé e que se adiantasse até
onde todos pudessem vê-lo. Duas razões, provavelmente, moveram Jesus a dar essa
ordem ao doente. Possivelmente tenha querido fazer um último esforço para
despertar a simpatia do público para aquele homem, fazendo que todos pudessem
ver sua desgraça. E por certo queria dar o passo que estava a ponto de dar sem
que a ninguém passasse inadvertido o significado de sua ação. Quando o homem
esteve em meio da concorrência, Jesus fez duas perguntas aos doutores da Lei: É
lícito, no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Ele os pôs em um dilema. Estavam
obrigados a reconhecer que era lícito fazer o bem, e o que Jesus se propunha
fazer era um bem. Estavam obrigados a reconhecer, por outro lado, que não era
lícito fazer o mal e, entretanto, era fazer o mal deixar aquele homem em sua
miséria quando era perfeitamente possível ajudá-lo. Então Jesus lhes pergunta,
É lícito salvar uma vida ou matar? Com esta pergunta Jesus estava chegando ao
núcleo da questão. Ele estava trabalhando para salvar a vida daquele pobre
infeliz. Eles estavam pensando na forma em que poderiam matar a Jesus. Sob
qualquer ponto de vista era melhor, indubitavelmente, pensar em oferecer ajuda
ao necessitado que pensar em matar um homem. Não deve nos maravilhar que não
tivessem nada que responder! Então Jesus, com uma palavra de poder divino,
curou o homem. Os fariseus, imediatamente, começaram a tramar com os herodianos
para assassinar a Jesus. Esta aliança nos demonstra até que extremo os fariseus
estavam dispostos a ir com tal de livrar-se de Jesus. Nenhum fariseu teria tido
contato com um gentio ou com um judeu que não observasse meticulosamente a Lei.
Tais pessoas eram consideradas impuras. Os herodianos eram os membros da corte
do Herodes; mesmo que fossem judeus, estavam em constante contato com os
romanos, tratavam com eles e viviam com eles. Em situações normais, os fariseus
os teriam considerados impuros. Mas agora estavam dispostos a pactuar com os
herodianos o que poderia chamar-se uma "aliança não santa". O coração
dos fariseus abrigava um ódio que não se detinha diante de nada. Esta passagem
é fundamental porque nos mostra o choque de duas concepções da religião.(Estudando
a Bíblia livro por livro que Deus abençoe a todos)
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