Livro Marcos (William Barclay) 78 No Antigo Testamento
encontramos quatro usos desta expressão. (1) Os anjos são os filhos de Deus. O
antigo relato de Gênesis 6:2 diz que os filhos de Deus viram as filhas dos
homens e foram fatalmente atraídos por elas. Jó 1:6 narra a ocasião em que os
filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor. Era uma forma convencional de referir-se
aos anjos. (2) O povo de Israel era filho de Deus. Deus chamou a seu filho para
que saísse do Egito (Oséias 11:1). Em Êxodo 4:22 Deus diz com respeito à nação:
"Israel é meu filho, meu primogênito". (3) O rei da nação é o filho
de Deus. Em 1 Samuel 7:14 a promessa que se faz ao rei, é, "eu serei seu
pai, e ele será meu filho". (4) Nos livros posteriores, escritos entre os
dois testamentos, o homem justo é filho de Deus. Em Eclesiástico 4:10 a
promessa para quem é bondoso com os órfãos é: "E será como um filho do
Altíssimo; ele te amará mais que sua mãe". Em todos estes casos o termo
"filho" descreve a alguém que está especialmente perto de Deus. No
Novo Testamento achamos um paralelo disto que nos esclarece bastante o
significado deste uso. Paulo chama o Timóteo seu filho (1 Timóteo:2; 1:18).
Timóteo não era parente de Paulo em nenhum grau, mas não havia ninguém, como
diz Paulo (Filipenses 2:19-22) que o conhecesse tão a fundo. Pedro chama a
Marcos seu filho (1 Pedro 5:13), porque não havia ninguém que pudesse
interpretar seus pensamentos e sentimentos tão bem como ele. Quando nos
encontramos com este termo na simplicidade do relato evangélico não devemos
pensar em termos filosóficos ou teológicos, nem pensar que se esteja fazendo
referência à doutrina da Trindade; devemos entender que para os que assim
pensavam sobre Ele, a relação entre Jesus e Deus era considerada tão estreita
que nenhuma outra expressão teria podido descrevê-la adequadamente. Agora, os
possessos do demônio criam que habitava neles um espírito estranho e maligno;
sentiam, de alguma maneira, que em Jesus tinham encontrado alguém que estava
muito perto de Deus e que era semelhante a Ele; sentiam que diante da realidade
desta proximidade com Deus os demônios não podiam subsistir, e, portanto,
tinham medo. Cabe perguntar por que Jesus lhes exigia com tanta veemência que
guardassem silêncio. A razão é muito simples e convincente. Jesus era o
Messias; o Rei Ungido de Deus; mas sua ideia do que significava ser Messias era
muito diferente da ideia que tinha a maioria do povo em sua época. A imagem
popular do Messias era a de um grande rei conquistador que com seus poderosos
exércitos derrotaria os romanos e levaria a povo judeu à conquista do poder
mundial. portanto, se se corria o rumor de que tinha chegado o Messias, como
resultado imediato teria ocorrido rebeliões, levantamentos e insurreições,
especialmente na Galileia onde o povo estava sempre preparado a seguir quase a
qualquer caudilho nacionalista. (Estudando a Bíblia livro por livro que Deus
abençoe a todos)
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