Livro Marcos (William Barclay) 118 Em segundo lugar, no
Antigo Testamento uma das formas mais comuns de referir-se graficamente a um
grande império era compará-lo a uma árvore, e se dizia que as nações satélites
do grande império eram como aves que procuravam refúgio à sombra de seus ramos
(Ezequiel 17:22ss.; 31:1ss.; Daniel 4:10,21). A imagem de uma árvore cujos
ramos estão carregados de aves, portanto, representam a um grande império e as
nações tributárias de seu poderio. (1) Esta parábola nos diz que nunca nos
devem desanimar os começos humildes. Pode nos pareceres que, nesse momento,
somente poderemos produzir efeitos insignificantes; mas se esse efeito
insignificante se repete, e se volta a repetir, virá a ter significado. Há uma
experiência científica que demonstra o efeito das tinturas. Toma um grande
recipiente de água pura e uma pequena garrafa de tintura. A tintura se adiciona
à água, gota a gota. A princípio pareceria que o efeito do corante não influíra
na água. Mas depois de haver-se somado muitas gotas começamos a perceber que a
grande massa de líquido transparente começa a tingir-se, até que a totalidade
adquire a tintura procurada. É o efeito repetido das gotas que produziu esse
resultado. Muitas vezes sentimos que pelo pouco que somos capazes de fazer
quase nem vale a pena que o façamos. Mas devemos recordar que alguém deve
começar as coisas; tudo começou alguma vez. Nada aparece na plenitude de seu
desenvolvimento. Nosso dever é fazer o que pudermos; e o efeito acumulado de
todos os esforços pequenos pode chegar a produzir resultados surpreendentes.
(2) Esta parábola nos fala do Império da Igreja. A árvore e as aves, como vimos,
representam ao grande império e a todas as nações que procuram refúgio nele. A
Igreja começou com um indivíduo, mas terminará abrangendo o mundo inteiro. Há
dois sentidos em que se pode afirmar que isto é verdade. (a) A Igreja é um
império no qual podem encontrar seu lugar todas os tipos de opiniões e de
teologias. Temos a tendência de classificar como herege a todo aquele que não
pensa como nós. João Wesley foi o maior exemplo de tolerância no mundo.
"Pensamos", disse, "e deixamos pensar." "Não tenho direito
algum", disse, "de objetar as ideias daquele que pensa de maneira
diversa à minha, do mesmo modo como não posso qualificar de ridículo o homem
que usa uma peruca enquanto eu uso meu próprio cabelo." Wesley saudava
quem lhe saía ao passo dizendo: "Seu coração é como o meu? Então, me dê a
mão!" É bom ter a segurança de estar no correto, mas isso não significa
que devamos pensar que todos os outros, que não pensam como nós, estão equivocados.
(Estudando a Bíblia livro por livro que Deus abençoe a todos)
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