Livro Marcos (William Barclay) 187 Uma das festas judaicas mais prazerosas é a do Purim. Cai em 14 de março, e comemora a libertação que o livro de Ester apresenta. É, acima de tudo, uma ocasião para fazer obséquios; e uma de suas regras é que, não importa quão pobre alguém seja, deve procurar alguém mais pobre que ele e lhe dar um obséquio. Jesus não tem tempo para o espírito que aguarda até que todas as circunstâncias sejam perfeitas antes de pensar em ajudar. Diz: "Se vir alguém em dificuldade, ajude com o que tem. Você nunca sabe o que pode significar sua ação". No pano de fundo deste relato há duas coisas interessantes. A primeira é esta. Este incidente aconteceu na margem afastada do Mar da Galiléia no distrito chamado Decápolis. A que se deveu essa tremenda congregação de quatro mil pessoas? Não há dúvida de que a cura do surdo com o impedimento para falar deve ter despertado interesse e reunido a multidão. Mas um comentarista fez uma sugestão mais interessante. Em Marcos 5:1-20 já lemos sobre a cura do endemoninhado gadareno. Este incidente também teve lugar em Decápolis. Nesse momento o resultado imediato foi que rogaram a Jesus que fosse embora. Mas recordamos que o endemoninhado curado quis seguir ao Jesus e este o enviou a sua parental, para que lhes dissesse que grandes coisas o Senhor tinha feito por ele. Seria possível que parte dessa grande multidão era devido à atividade missionária do endemoninhado curado? Teremos aqui uma vislumbre do que pode fazer por Cristo o testemunho de um homem? Terá havido aquele dia na multidão pessoas que se juntaram a Cristo e acharam suas almas devido ao relato de um homem do que Cristo tinha feito por sua alma? João Bunyan conta que sua conversão foi devida ao fato de ter ouvido a três ou quatro anciãs que, sentadas ao Sol, falavam "a respeito de um novo nascimento, a obra de Deus em seus corações". Estavam falando do que Deus tinha feito por elas. Bem pode ser que naquele dia houvesse na multidão em Decápolis muitos que ali estavam porque ouviram um homem falar a respeito do que Jesus fizera por ele. A segundo coisa por trás deste relato é isto. É estranho que a palavra que aqui se emprega para cesta é diferente da que se usa no relato similar de Marcos 6. No Marcos 6:44, a palavra é kofinos, que descreve a cesta em que os judeus levavam sua comida, uma cesta estreita no pescoço e larga na parte de abaixo, parecida em sua forma a um cântaro para água. A palavra que se usa aqui é sfuris, que descreve uma cesta conhecida tecnicamente como cesta; foi em uma dessas cestas em que Paulo foi descido da muralha de Damasco (Atos 9:25); e era o tipo de cestas que os gentios usavam. Como já dissemos, este incidente ocorreu em Decápolis, que estava do outro lado do lago e que tinha uma grande população gentílica. É possível que devamos ver na alimentação da multidão em Marcos 6 a vinda do pão de Deus aos judeus, e neste incidente a vinda do pão de Deus aos gentios? Quando reunimos estas duas histórias, vemos por trás delas a sugestão e o prenúncio e o símbolo de que Jesus satisfez igualmente a fome de judeus e gentios, que nele, na verdade, estava o Deus que abre sua mão e satisfaz o desejo de todo ser humano? (Estudando a Biblia livro por livro que Deus abençoe a todos)
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