Livro Marcos (William Barclay) 65 Para ter valor o jejum não deve ser conseqüência de uma obrigação ritual; deve ser expressão de um sentimento do coração. Não deve ser só convenção e sim uma maneira genuína de expressar uma necessidade do espírito. Jesus faz uso de uma imagem muito vívida para dizer aos fariseus por que seus discípulos não jejuavam. Depois dos casamentos judeus daquela época o casal recém-casado não saía em viagem de lua-de-mel. Ficavam em sua casa e durante uma semana a casa estava aberta a todos seus amigos e durante todo o tempo se celebrava a alegria das bodas. Em uma vida que pelo general era bastante dura a semana de bodas era a semana mais feliz da vida de um homem. Para essa semana de felicidade os convidados especiais eram os amigos do noivo e da noiva, a quem lhes chamava filhos da câmara nupcial. Jesus compara seu reduzido grupo de seguidores com aqueles convidados escolhidos de uma festa de bodas, os filhos da câmara nupcial. De fato, havia uma regra rabínica segundo a qual "Todos os que assistem ao noivo nas bodas serão relevadas de seus deveres religiosos durante o tempo que dure a festa, na medida em que aqueles pudessem diminuir seu gozo". Os convidados às festas de bodas estavam excetuados da obrigação de jejuar. Este episódio nos ensina que a atitude característica do cristão na vida é o gozo. Achar a companhia de Cristo é a chave da felicidade. Havia um criminoso japonês que se chamava Tockichi Ishii. Era um homem bestial, em quem não se manifestava a mais mínima piedade. Em sua carreira criminal tinha assassinado sem olhares e brutalmente homens, mulheres e meninos. Finalmente foi capturado e encarcerado. Duas damas canadenses visitaram a prisão. Nem sequer se pôde conseguir que falasse com elas, limitando-se a olhar com uma expressão bestial. Quando terminou a visita destas duas damas, deixaram-lhe uma Bíblia com a débil esperança de que a lesse em algum momento. E Ishii leu aquela Bíblia e a história da crucificação fez dele um homem novo. Pouco tempo depois, quando o verdugo precisou levar aquele homem ao patíbulo, não encontrou o ser brutal e bárbaro que esperava, e sim a um homem radiante, sorridente, porque Ishii, o assassino tinha nascido de novo. O sinal visível daquele novo nascimento era um rosto iluminado pelo gozo. A vida que se vive em Cristo não pode ser senão uma vida cheia de gozo. Mas o relato termina com uma nuvem no horizonte, precursora da tormenta. Sem dúvida, quando Jesus falou do dia em que o noivo seria tirado, seus amigos não entenderam o significado de suas palavras. Mas nós sabemos que aqui, do mesmo princípio, Jesus via a cruz que o esperava ao final do atalho. A morte não tomou a Jesus por surpresa; desde o começo tinha tido em conta os custos e escolhido o caminho. O seu é um exemplo de extraordinária coragem; sua imagem é a de um homem que não será afastado do roteiro que riscou pata sua vida em que pese a que na meta se projeta a sombra de uma inevitável cruz. (Estudando a Biblia.Net que Deus abençoe a todos)