Livro Marcos (William Barclay) 81 Se os julgamos com as
pautas deste mundo, os homens que Jesus escolheu não possuíam qualidades
especiais. Não eram abastados; não desfrutavam de uma posição social influente;
não receberam uma educação especializada; não eram dirigentes eclesiásticos de
alto nível; eram doze homens comuns. Mas possuíam duas qualidades muito
importantes. Em primeiro lugar, tinham experimentado a atração magnética da
personalidade de Jesus. Tinham visto no algo que os para desejar convertê-lo em
seu Mestre. E em segundo lugar tinham a coragem de dizer que estavam do seu
lado. Aparece este Jesus, que sem alterar-se quebra todas as regras e leis da
religião; este Jesus que indevidamente se encaminhava a uma confrontação
dramática com os dirigentes ortodoxos de sua época; este Jesus que com pouco
tempo de iniciar seu ministério já era acusado de heresia e blasfêmia. E os
discípulos tiveram o valor de somar-se a Ele. Não houve na história um grupo de
homens que tenha apostado sua sorte a uma esperança tão impossível como esta.
Nunca ninguém fez algo similar, pelo menos sabendo perfeitamente bem o que
estavam fazendo. Estes doze homens tinham todo tipo de defeitos. Mas algo que
tivesse podido dizer-se deles, não os podia acusar de ter medo de dizer ao
mundo inteiro que amavam ao Jesus, e isso é ser cristão. Jesus os chamou com
dois propósitos em mente. Em primeiro termo, chamou-os para que estivessem com
Ele. Para que fossem seus companheiros fiéis e permanentes. Outros
possivelmente estiveram durante um tempo com Jesus para no fim abandoná-lo. As
multidões se reuniam um dia, mas no seguinte já tinham desaparecido. Alguns
possivelmente se somassem ao grupo dos discípulos, mas com corações flutuantes
e de maneira espasmódica. Mas estes doze tinham decidido identificar suas vidas
com a vida do Mestre. Viveriam com Ele toda sua vida. Em segundo lugar,
chamou-os para enviá-los. Queria que fossem seus representantes. Queria que
falassem com outros a respeito dele. Tinham sido ganhos para ganhar a outros. A
fim de que pudessem realizar esta tarefa Jesus os equipou com duas coisas: Em
primeiro lugar lhes deu uma mensagem. Atuariam como arautos deles. Um sábio
disse que ninguém tem o direito de ser considerado professor a menos que possua
um ensino original para transmitir a outros, ou o ensino de outro homem que
queira propagar de todo o coração. A pessoa sempre escutará a quem tem uma
mensagem para comunicar. Jesus deu a seus amigos algo para dizer. Em segundo
lugar, deu-lhes poder. Eles também expulsariam demônios. Estando tão perto de
Jesus, algo de seu poder habitava também neles. Se queremos saber o que
significa o discipulado cristão, o melhor que podemos fazer é refletir
novamente nestes primeiros discípulos.(Estudando a Bíblia livro por livro que
Deus abençoe a todos)