
Livro Marcos (William Barclay) 84 (1) Tinha descartado a
segurança. A maioria da gente trata sempre de pisar em terreno seguro. Em geral
lhes preocupa a segurança mais que outra coisa. Querem, por sobre todas as
coisas, um emprego e uma posição segura na sociedade, onde devam enfrentar
menores riscos materiais e financeiros que seja possível. (2) Tinha descartado
a tranquilidade. Procuramos sempre evitar os sobressaltos. Preocupa-nos mais
nossa tranquilidade pessoal que a justiça ou injustiça de uma ação que estamos
a ponto de empreender. Rechaçamos instintivamente a ação que pode nos privar de
nossa paz. (3) Mostrou-se totalmente indiferente ao veredicto da sociedade.
Suas ações demonstravam que não lhe importava muito o que se dissesse dele. Na
vida real, como disse H. G. Wells, "a voz de nossos vizinhos em geral
ressoa mais alto que a voz de Deus". "O que dirão os outros?" é
uma das primeiras perguntas que nós fazemos continuamente. O que assombrava aos
amigos de Jesus eram os riscos que estava assumindo, riscos que, segundo eles
pensavam, nenhuma pessoa em seu são juízo aceitaria livremente. Quando João
Bunyan estava preso tinha medo e o confessou com sinceridade. "Minha prisão"
refletia, "pode terminar no cadafalso, pela mais mínima palavra
inconveniente que se escapar". Não lhe atraía a ideia de morrer enforcado.
Mas chegou o momento em que se envergonhou de ter tido medo. "Pensei que
teria vergonha de morrer com o rosto pálido e os joelhos batendo por uma causa
como esta". Por isso, finalmente, chegou a uma conclusão, imaginando que
ascendia os degraus que o levavam a cadafalso: "Assim, pensei, decidi
lançar minha sorte eterna junto com Cristo, seja que tenha ou não comodidade ou
consolo nesta vida; se Deus não vier me socorrer, pensei, saltarei da escada,
até com os olhos enfaixados para a eternidade, afunde-me ou nade, venha o céu
ou o inferno; Jesus, Meu senhor, se tu queres me recebes, faze-o; se não,
aventurar-me-ei em teu nome". Isto é precisamente o que Jesus estava
disposto a fazer. Aventurarme-ei-me em Teu nome. Esta era a própria essência da
vida de Jesus e isso – não a segurança ou a tranquilidade – deveria ser o lema
do cristão e o motivo de sua vida. ALIANÇA OU CONQUISTA? Marcos 3:22-27 Os
funcionários ortodoxos nunca questionaram o poder de Jesus para exorcizar
demônios. Não tinham por que fazê-lo, visto que o exorcismo era um fenômeno
comum no Oriente naquela época, e ainda o é na atualidade. O que diziam era que
o poder de Jesus sobre os demônios se devia ao fato de que mantinha uma aliança
com o rei dos demônios, que, como diz um comentarista, "pelo poder do
grande demônio expulsava os pequenos". O povo sempre acreditou na
"magia negra" e sustentavam que Jesus praticava esse tipo de magia;
entretanto, Jesus não teve nenhum trabalho para refutar o argumento. A essência
do exorcismo sempre consistiu em que quem o pratica chama em seu auxílio a
algum poder maior para expulsar o demônio mais fraco. De maneira que Jesus diz:
"Pensem bem, se houver lutas internas em um reino, este não permanecerá
por muito tempo. Se Satanás estiver em guerra com seus próprios demônios está
acabado como poder efetivo porque dentro de seu reino começou uma guerra
civil." "Dito de outra maneira", disse Jesus: "Suponham que
querem assaltar um homem forte. Não podem fazê-lo até que não submetam a esse
homem. Uma vez que o amaram, podem roubar seus bens, antes não".(Estudando
a Bíblia livro por livro que Deus abençoe a todos)