Livro
Marcos (William Barclay) 49 (3) O terceiro tipo de lepra, a mais comum, é uma
combinação das duas anteriores. Deve destacar-se que a medicina moderna
encontrou remédios efetivos para combater e até curar definitivamente a lepra.
Hoje em dia um leproso pode seguir vivendo de maneira normal, e não chegará a
desfigurar-se, se se atender, porque é possível manter sob perfeito controle o
desenvolvimento da enfermidade. Mas nada disso se conhecia nos tempos de Jesus.
Sem dúvida na Palestina, nos tempos de Jesus, havia muitos leprosos. Levítico
13 descreve a lepra e é evidente que na época do Novo Testamento o termo
"lepra" cobria outras enfermidades da pele além da lepra propriamente
dita. Parece haver-se usado, por exemplo, para denominar a psoríase, uma
enfermidade que cobre porções da pele com escamas brancas, de onde a expressão
"um leproso branco como a neve". Também se chamava "lepra"
ao herpes, uma enfermidade muito comum no Oriente. A palavra hebraica que se
usa para denominar a lepra é tsaraath. Em Levítico 13:47 se fala da tsaraath da
roupa e em Levítico 14:33 da das casas. Refere-se, é obvio, a algum tipo de
mofo ou cogumelo que cobre a roupa ou as paredes, ou a algum tipo de verme que
corrói a madeira ou de líquen que destrói as pedras. A palavra hebraica
tsaraath, lepra, parece ter abrangido no pensamento judeu qualquer enfermidade
cutânea progressiva. É natural que com conhecimentos médicos muito primitivos
não se pudesse distinguir entre as diferentes enfermidades da pele, e que se
incluíra sob um mesmo nome as mortais e incuráveis junto com as menos graves e
relativamente inofensivas. Qualquer enfermidade da pele fazia que o doente
fosse considerado impuro. O radiava do contato com outros seres humanos; devia
viver sozinho em campo aberto; devia andar com a roupa feita farrapos, levar a
cabeça descoberta, cobrir-se com um trapo o lábio superior e gritar quando
alguém lhe aproximava: "Imundo! “Imundo”! para comunicar sua presença. O
mesmo ocorria durante a Idade Média, quando simplesmente se aplicava a lei do
Moisés. O sacerdote, vestido com seus hábitos cerimoniosos e com um crucifixo
na mão, conduzia ao leproso à igreja e lia ante ele o serviço fúnebre. A partir
desse momento o considerava como um morto, embora seguia vivendo. Devia
vestir-se com um manto negro, que todos pudessem reconhecer, e habitar em um
lazarento. Não podia entrar na igreja, mas lhe permitia espiar a missa através
de um buraco praticado especialmente com esse objeto. O leproso não só devia
sofrer a dor física de sua enfermidade; tinha que suportar a angústia mental e
o sofrimento de ser separado da sociedade normal dos humanos e ser fugido, como
se fora a mesma praga.(Estudando a Bíblia livro por livro que Deus abençoe a
todos)