Livro Marcos (William Barclay) 115 (2) Diz-nos algo com
respeito ao Reino. É digno de se ter em conta que Jesus use tão frequentemente
exemplos que provêm dos processos naturais de crescimento para referir-se à
vinda do Reino. (a) O crescimento natural em geral é imperceptível. Não vemos
as plantas crescerem. Se tivermos uma planta diante de nós todos os dias não
nos daremos conta de como cresce. Somente quando a vemos, afastamo-nos dela
durante algum tempo e depois voltamos a vê-la podemos perceber a diferença. O
mesmo ocorre com o Reino. Resulta evidente que o Reino cresce, mas não se
compararmos hoje com ontem, e sim este século com o século anterior. Quando
Elizabeth Fry esteve no cárcere do Newgate, em 1817, encontrou na seção de
mulheres que em só dois cárceres tinha amontoadas trezentas mulheres e uma
grande quantidade de meninos. Viviam, dormiam, cozinhavam e comiam sobre o
chão. Os únicos carcereiros eram um ancião e seu filho. Estavam apinhadas,
seminuas, quase como animais, mendigando algumas moedas para gastar em bebidas
alcoólicas que podiam comprar no bar do cárcere. Encontrou nessa mesma prisão
um menino de nove anos que estava esperando ser executado na forca por ter
posto um pau por uma janela e roubado uns lápis de cor avaliadas em dois piniques.
Em 1853 os operários têxteis de Bolton fizeram uma greve para exigir um
pagamento diário de sete piniques e meio e os mineiros do Stafford pediam 2
xelins e 6 piniques por semana. Em nossos dias tais barbaridades seriam
impensáveis. Por que? Porque o Reino avança. O crescimento do Reino, como o de
uma planta, possivelmente seja irreconhecível de um dia para o outro; mas
quando o contemplamos da perspectiva de muitos anos não pode nos caber dúvida
de sua realidade. (b) O crescimento natural é constante. De dia e de noite,
enquanto o lavrador dorme, o crescimento prossegue. Deus não se caracteriza por
atuar de maneira espasmódica. O grande problema com os esforços e a bondade do
homem é que em geral atuam de maneira espasmódica. Um dia damos um passo para
frente, no dia seguinte retrocedemos dois. Mas a obra de Deus continua sempre, silenciosamente,
mas com segurança, para a obtenção de suas metas. De maneira constante,
desenvolve seu plano. Os desígnios de nosso Deus cumprindo-se estão; O Espírito
do Senhor não deixa de operar; Horas e séculos sem cessar um dia nos levarão
Quando ao mundo a glória de Deus cobrirá Como as águas cobrem o mar. (c) O
crescimento natural é inevitável. Não há nada tão poderoso como o crescimento.
Uma árvore pode romper um pavimento de cimento armado com o poder de seu
crescimento. Quase qualquer semente pode rasgar o asfalto dos caminhos para que
as primeiras folhas de sua plantinha recebam a luz do Sol. O mesmo ocorre com o
Reino. Em face da rebeldia humana e sua desobediência, a obra de Deus
prossegue. Nada pode deter o cumprimento dos propósitos de Deus. (Estudando a Bíblia
livro por livro que Deus abençoe a todos)