Livro Marcos (William Barclay) 136 (2) Esqueceu a sua dignidade. Ele, o Principal
da sinagoga, foi e se lançou nos pés de Jesus, o mestre ambulante. Não poucas
vezes alguém teve que esquecer sua dignidade para salvar sua vida e sua alma.
Na antiga história é precisamente o que teve que fazer Naamã (2 Reis 5). Teve
que acudir a Eliseu para ser curado de sua lepra. A receita do Eliseu foi que
se banhasse sete vezes no Jordão. Essa não era maneira de tratar ao
Primeiro-ministro de Síria! Elias nem se incomodou em lhe dar pessoalmente a
mensagem; enviou-a por um criado! E não havia melhores rios em Síria que este
pequeno Jordão barrento? Estes foram os primeiros pensamentos do Naamã; mas
engoliu o seu orgulho e foi curado da lepra. Há uma famosa história sobre
Diógenes, o filósofo cínico. Este foi capturado por uns piratas e vendido como
escravo. Enquanto contemplava os circunstantes que o puxavam ele, fixou-se em
um homem. "Vendam-me a esse homem", disse. "Ele precisa de um
professor." O homem o comprou e lhe entregou o manejo de sua casa e a
educação de seus filhos. "Foi um bom dia para mim", ele costumava
dizer, "quando Diógenes entrou em minha casa." Era certo, mas exigia
o esquecimento de sua dignidade. Frequentemente acontece que alguém se ergue em
sua dignidade e cai da graça. (3) Esqueceu o seu orgulho. Para este Principal
da sinagoga deve ter significado um esforço de humilhação consciente acudir a
Jesus de Nazaré e lhe pedir ajuda. Diz-se com verdade que ninguém quer dever
nada a ninguém. Gostaríamos de dirigir nós mesmos a nossa vida. Mas o primeiro
passo da vida cristã é compreender que não podemos ser outra coisa senão
devedores de Deus. (4) Aqui entramos no campo da especulação, mas me parece que
podemos dizer que este homem se esqueceu de seus amigos. Bem pode ser que estes
objetassem até o fim que tivesse ido a esse Jesus. É bastante estranho que fora
ele mesmo e não enviasse um mensageiro. Parece improvável que consentisse em
abandonar a sua filha quando estava prestes a falecer. Talvez ele foi porque
nenhum outro podia ir. Sua família estava pronta a lhe dizer que não
incomodasse mais a Jesus. Pareceria quase que se alegraram de não pedir sua
ajuda. Bem pode ser que o homem desafiasse a opinião pública e os conselhos da
família, para chamar a Jesus. Muitos são mais sábios quando seus sábios amigos
mundanos pensam que atuam como tolos. Eis aqui um homem que esqueceu tudo,
exceto que necessitava a ajuda de Jesus; e, precisamente por ter esquecido,
recordaria para sempre que esse Jesus é um Salvador. A ÚLTIMA ESPERANÇA DE UMA
ENFERMA Marcos 5:25-29 A mulher desta história sofria de uma moléstia que era
muito comum e muito difícil de tratar. O próprio Talmud dá não menos de onze
tipos de curas para essa enfermidade. Algumas delas consistem em tônicos e
adstringentes; mas outras são puras superstições, como a de levar as cinzas de
um ovo de avestruz em um trapo de linho no verão e em um trapo de algodão no
inverno; ou levar um grão de cevada que tivesse sido encontrado no esterco de
uma jumenta. Indubitavelmente esta pobre mulher teria usado até esses remédios
desesperados. O pior era que a enfermidade não só afetava a saúde da mulher,
mas também a tornavam continuamente impura, e a mantinha afastada do culto de
Deus e da companhia de seus amigos (Levítico 15:25-27).(Estudando a Bíblia
livro por livro que Deus abençoe a todos)