4 de março de 2025

ESTUDANDO A BIBLIA LIVRO POR LIVRO

 


Livro Marcos (William Barclay)  168 PURO E IMPURO  Marcos 7:14   A diferença e a discussão entre Jesus e os fariseus e os doutores da  Lei que nos relata este capítulo são de suma importância, porque nos  mostram a própria essência e o coração da divergência entre Jesus e os  judeus e os judeus ortodoxos de seus dias.   A pergunta que se coloca é: Por que Jesus e seus discípulos não  observam a tradição dos anciões? Qual era essa tradição e qual o espírito  que a informava? Originalmente, para os judeus a Lei significava duas  coisas: primeiro e sobretudo, os Dez Mandamentos, e segundo, os cinco  primeiros livros do Antigo Testamento, conhecidos como o Pentateuco.  Agora, é certo que o Pentateuco contém uma certa quantidade de  regulamentações e instruções detalhadas; mas em questões morais o que  se estabelece é uma série de grandes princípios morais que se deve  interpretar e aplicar se for o caso.   Durante muito tempo os judeus se conformaram com isso. Mas nos  séculos IV e V antes de Cristo apareceu uma classe de peritos legais que  conhecemos como os escribas. Estes não se conformavam com os  grandes princípios morais; tinham o que se pode chamar uma paixão pela  definição. Queriam que esses grandes princípios fossem expandidos,  amplificados, esmiuçados até dar lugar a milhares e milhares de  pequenas regras e regulamentações que governavam toda ação e toda  situação possíveis na vida. A vida já não seria governada por princípios,  e sim por regras e regulamentos.   Estas regras e estes regulamentos nunca foram escritos até muito  tempo depois da época do Jesus. São o que se denomina a Lei oral; esta  era a tradição dos anciãos. A palavra anciãos nesta frase não significa  os chefes da sinagoga, mas sim os grandes doutores da Lei de tempos  passados, como Hillel e Shammai. Muito depois, no século III depois de  Cristo, redigiu-se por escrito um resumo de todas essas regras e  regulamentos, que é o que se conhece atualmente como a Mishnah.   Nesta passagem surgem dois aspectos destas regras e  regulamentações dos escribas. Um é o referente à lavagem das mãos. Os  escribas e fariseus acusavam os discípulos de Jesus de comer com as  mãos sem lavar. A palavra grega é koinos. O significado de koinos é  comum; mas também descreve algo que é ordinário no sentido de não ser  sagrado, algo que é profano, em oposição ao sagrado; e finalmente,  descreve, como neste caso, algo que é cerimonialmente impuro e inepto  para o serviço e o culto de Deus. Havia regras rígidas e definidas para a  lavagem das mãos.   Note-se, entretanto, que esta lavagem não tinha nada que ver com a  higiene; tratava-se de uma limpeza cerimonial. Antes de cada comida, e  entre um prato e outro, era necessário lavar as mãos, e isso devia fazer-se  de certa maneira estipulada. Para começar, as mãos deviam estar limpas  de toda capa de areia ou terra, ou algo por estilo. A água para a lavagem  devia guardar-se em grandes cântaros especiais de pedra, de modo que  ela estivesse limpa em sentido cerimonial, e de modo que existisse a  garantia de que não se empregaria para nenhum outro propósito, e que  não tinha caído nada nela nem se mesclou com nada. Primeiro, as mãos  deviam colocar-se com as pontas dos dedos apontando para cima; a  água se vertia sobre eles de modo que se deslizasse ao menos até o  punho a quantidade mínima de água era um quarto de log, que equivale a  uma casca e meia de ovo cheia. Enquanto as mãos estavam ainda  molhadas, cada uma devia ser esfregada com o punho da outra;  esfregava-se o punho de uma mão contra a palma e o dorso da outra. Isto  significava que nesta etapa as mãos estavam molhadas; mas essa água  em si mesma era impura por haver tocado mãos sujas. Assim, em  segundo lugar, as mãos deviam ser postas com os dedos apontando para  baixo e verter neles água do punho, para que corresse até as pontas dos  dedos. Depois de feito tudo isto, as mãos estavam limpas. (Estudando a Biblia livro por livro que Deus abençoe a todos)

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