8 de março de 2025

ESTUDANDO A BIBLIA LIVRO POR LIVRO

 


 Livro Marcos (William Barclay)  176 A VERDADEIRA CONTAMINAÇÃO  Marcos 7:14-23  Embora agora pode não parecer assim, muito provavelmente esta  passagem foi originalmente a mais revolucionário do Novo Testamento.  Jesus tinha estado disputando com os eruditos na Lei sobre diferentes  aspectos da Lei tradicional. Tinha apontado que os complicados  lavamentos de mãos careciam de importância. Tinha mostrado como a  rígida adesão à Lei tradicional podia significar em realidade desobedecer  a Lei de Deus. Mas aqui diz algo mais assombroso ainda. Declara que  nada que entra no homem pode contaminá-lo, visto que só é recebido  pelo corpo e este se desembaraça disso pelos meios fisiológicos normais.  Agora, nenhum judeu cria isso, nem ainda o crê nenhum judeu ortodoxo.  Em Levítico 11 aparece uma longa lista de animais imundos, que não  podem usar-se na alimentação.   A seriedade com que isto se tomava se pode ver em mais de um  incidente na época dos Macabeus. Naquele então, o rei da Síria, Antíoco  Epifanes, havia resolvido extirpar a fé judia. Uma das coisas que exigiu  foi que os judeus comessem carne de porco, mas morreram centenas  deles antes que fazer tal coisa. "Morreram também muitos israelitas que  com integridade e coragem se negaram a comer coisa impura, preferindo  a morte antes que poluir-se com aquela comida e profanar a aliança  Santa" (1 Macabeus 1:62-63). No Segundo Livro do Macabeus (cap. 7)  se relata a história de uma viúva e seus sete filhos, a quem ele quis  obrigar a comer carne de porco. Eles se negaram. À maior lhe cortaram a  língua e as extremidades dos membros, e o assaram vivo em uma  frigideira depois de lhe arrancar o couro cabeludo; ao segundo lhe  arrancaram o couro cabeludo e o submeteram ao mesmo suplício; um por  um foram torturados até a morte, enquanto sua anciã mãe presenciava os  torturas e os animava; morreram antes que comer o que para eles era  imundo.    Diante disso fez Jesus esta revolucionária declaração de que nada  do que entra no homem pode fazê-lo imundo. Com um gesto estava  apagando as leis pelas quais os judeus tinham sofrido e tinham morrido.  Não é estranho que os discípulos estivessem assombrados. O que em  realidade quis dizer Jesus é que as coisas não podem ser imundas nem  limpas em nenhum sentido realmente religioso do termo. Só as pessoas  podem realmente ser contaminadas; e o que contamina a pessoa são suas  ações, que são produto de seu próprio coração. Esta doutrina era nova e  bombasticamente nova. Os judeus tinham, e têm ainda, todo um sistema  de coisas puras e impuras. Com um pronunciamento terminante Jesus  declarou tudo isso sem importância, afirmando que a impureza não tem  nada que ver com o que alguém introduza em seu corpo, e sim  exclusivamente com o que sai de seu coração.   Vejamos as coisas que Jesus enumera como as que saem do coração  e poluem ao homem.   Começa com os maus pensamentos (dialogismoi). Todo ato  pecaminoso externo é precedido por um ato interno de decisão; portanto,  Jesus começa com o mau pensamento do qual procede a má ação.   Logo vêm as fornicações (porneiai); mais adiante mencionará * os  adultérios (moiqueiai); mas a palavra fornicações é muito ampla –  significa toda classe de vício sexual.   Logo seguem os furtos (klopai). Em grego há duas palavras para  designar a um ladrão: kleptes e lestes. Lestes é um bandoleiro; Diabinho  era um lestes (João 18:40) e um bandoleiro pode ser um homem muito  valente, embora fora da lei. Kleptes é um ladrão; Judas era um ladrão  quando subtraía da bolsa (João 12:6). Um kleptes é um ladrão enganoso  e desprezível, que não tem sequer uma certa audácia galante que deve ter  um bandoleiro. (Estudando a Biblia Livro por livro que Deus abençoe a todos)

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