15 de fevereiro de 2025

ESTUDANDO A BIBLIA LIVRO POR LIVRO

 


Livro Marcos (William Barclay) 142  Na maior parte do mundo antigo, em Roma, na Grécia, em Fenícia, em Assíria e na Palestina, o lamento da flauta estava inseparavelmente relacionado com a morte e a tragédia. Estava estabelecido que, por pobre que alguém fosse, devia ter ao menos dois flautistas nas exéquias de sua esposa. W. Taylor Smith no Dictionary of Christ and the Gospels, do Hastings, cita dois exemplos interessantes do uso de flautistas, que mostram quão difundida estava o costume. Houve flautistas no funeral do Cláudio, o imperador romano. Quando no ano 67 d,C.. chegaram a Jerusalém as novas da queda da Jotapa diante dos exércitos romanos, Josef o nos diz que "a maioria das pessoas contrataram flautistas para guiar suas lamentações". O lamento das flautas, os gritos dos enfermos, os apaixonados chamados do morto, as roupas rasgadas, os cabelos desgrenhados, devem ter convertido uma casa judia em um patético lugar em um dia de luto. Quando alguém falecia, os parentes eram proibidos de trabalhar, ungir-se ou usar calçado. Até o homem mais pobre devia deixar de trabalhar por três dias. Não devia conduzir mercadorias, e a proibição de trabalhar se estendia até a seus servos. Devia sentar-se com a cabeça enfaixada, não devia raspar-se, nem "fazer nada para sua comodidade". Não devia ler a Lei ou os profetas, porque a leitura desses livros alegra. Estava-lhe permitido ler Jó, Jeremias e Lamentações. Devia comer somente em sua casa, e abster-se totalmente de carne e vinho. Durante trinta dias não podia sair do povo ou da aldeia. O costume era não comer na mesa, e sim sentado no solo usando como mesa uma cadeira. Um costume que ainda subsiste era o de comer ovos com sal e cinza. Um curioso costume era esvaziar toda a água da casa, e das três casas contíguas a cada lado, porque se dizia que o Anjo da Morte ocasionava a morte com uma espada molhada na água que encontrava perto. Um costume particularmente patético era de que quando morria uma pessoa jovem se celebrava, como parte do rito fúnebre, um casamento, no caso de uma pessoa solteira. Durante o tempo do luto, os parentes estavam isentos da observância da Lei, porque se supunha estar fora de si, louco de dor. O enfermo devia ir à sinagoga; e quando entrava os presentes o encaravam e diziam: "Bendito o que consola ao que chora." O livro de orações judaico tem uma oração especial para antes de comer na casa de luto. "Bem-aventurado és Tu, ó Deus, nosso Senhor, Rei do Universo, Deus de nossos pais, nosso Criador, nosso Redentor, nosso Santificador, o Santo de Jacó, o Rei da vida, que é bom e faz o bem; Deus de verdade, Juiz justo que julga com retidão, que levas a alma a julgamento, e governas sozinho no universo, que ages conforme a tua vontade e todos os teus caminhos são de juízo, e nós somos o teu povo e teus servos, e em tudo estamos obrigados a te louvar e te bendizer, a ti que preservas a Israel de todas as calamidades, e nos amparas nesta calamidade, e deste luto nos levarás a vida e a paz. Consola, ó Deus nosso Senhor a todos os enfermos de Jerusalém que choram nossa tristeza. Consola-os em seu pranto e faz com que se regozijem em sua agonia como um homem é consolado por sua mãe. Bem-aventurado és, ó Deus, o Consolador do Sião, Tu que reedificas a Jerusalém." Esta oração é posterior à época do Novo Testamento, mas com este pano de fundo das primitivas, irrestritas expressões de luto é que devemos ler este relato da menina morta. (Estudando a  Bíblia livro por livro que Deus abençoe a todos)

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